14.9.08

CIUTADELLA

Pois aqui estamos em Ciutadella, em casa da Maria e do Poli, que nos acolheram com grande generosidade numa casita minúscula mas bem no centro da cidade, de onde nos podemos mexer bem na nossa busca de trabalho. Temo-nos mexido como loucos, e esperamos agora colher algo desse esforço, começa a nao haver sitio onde nao tenhamos deixado um curriculo, para todo o tipo de trabalhos.
A Maria e o Poli encontraram em Menorca um lar, mesmo que provisório. Ela, parece uma autêntica pilha eléctrica, vem de uma pequenina aldeia andaluza chamada Barbate, e por isso todos lhe chamam Maria Barbate, tem uma energia só ultrapassada pela dupla de disparates em chorrilho que ela e o vin juntos conseguem proferir ao longo de todo um dia de piadas e picanços :)
O poli é o esposo da Maria, emigrante argentino com a calma evidentemente expectavel para contrabalançar o ritmo da Maria. Estao ambos a trabalhar na restauraçao, trabalham que se fartam, muitas, muitas horas, mas estao contentes com o que têm. Temos bebido bons copos e dado bons passeios. A Maria faz anos no dia anterior a mim, torcida como é, lol, só podia ser escorpiao.
Aqui estou eu na casa, e... surpresa... cortei o pelo muito, muito curtinho, o mais prático para procurar trabalho. Também tenho de tirar os piercings todos, que aqui encontrar trabalho só cara a cara e o aspecto conta muito, os frros nao sao muito bem vistos nesta insularidade conservadora (e até por vezes xenófoba, numa ilha que ainda assim nao se vê tao invadida pelo turismo como as outras baleares, mas onde nao faltam emigrantes argentinos, equatorianos, africanos - sobretudo marroquinos...), mas as pessoas em geral sao bastante simpaticas.

Hoje trabalho, numa festa de rock num bar perto do farol e à beira-mar. Estou de "camarero" e em boa hora, mesmo que seja trabalho pontual, o dinheiro esta a apertar muito e bem precisamos de ganhar tempo.

Carrer qui no passa, porque foi a unica rua que em toda a ciutadella nao foi afectada pela peste, quando esta dizimou a cidade na Idade Média. Estamos ao lado, em carrer Santa Clara.
E estas sao as bonecas que faz a mae do Hugo, esta precisamente foi a que ela ofereceu ao vin, e está à entrada do nosso quarto.
O nosso pequeno, pequeno quarto :)

Ao fundo, o farol, e a imensidao do mar a perder de vista. Ontem fomos aqui à noite, a Sa Farola, precisamente, porque se levantou uma tempestade bruta e muito eléctrica. Há muitos anos que nao recordava o poder imenso dos relâmpagos, e podes crer que dá medo vê-los e senti-los por cima de nós sem limites visuais. Um espectáculo imenso, daqueles que nos faz sentir muito pequeninos e frágeis, de uma beleza aterradora, e que infelizmente nao tenho maquina para fotografar convenientemente.
Fort de Ciutadella (é tido como zona de engate, mas ainda nao vimos nada, lol), o que é pena, porque os moços aqui sao... uau! Passamos os dias de olhos em bico, lol.
Reparem na cara de olhos tapados. As casas das famílias poderosas tinham por tradiçao uma cara na entrada, para proteger a casa de maus olhados e bruxarias. Esta está tapada em sinal de desprezo, por causa de uma inimizade entre duas destas familias, que viviam defronte uma da outra, uma especie de romeu e julieta versao menorquina.



Ciutadella, de ruas estreitas e sinuosas, as pequenas casas de pedra lisa, a pedra, sa roca dura, a que aqui chamam rocha viva, as carrancas da catedral sao incriveis, vale a pena aumentar as fotos para vê-las. A s minhas favoritas sao o diabito e a cabeça de carneiro, que o vin desenhou.