17.8.08

Love is... not

Não sei o que é amor. Não acredito na treta do amor romântico, essa invenção burguesa que faria dos indivíduos um só ser fusional, e que na verdade nos anula e nos mutila, e só torna drama o desamor.
Não sei o que é paixão, só conheço afectos, desejo, vontade, amizade, respeito e o coração às vezes a bater mais depressa, mas isso é sangue a correr nas veias, e pode ser só um piano, um amigo, ou uma queca. Tudo válido. Tudo é partilha, mesmo que não voltemos a ver-nos.
Amizade e amor, não há linha de separação. São a mesma coisa, não têm nada de romântico, nem nos fundem. Compensam-nos,porque somos pessoas e precisamos dos outros. Mas só reforçam o caminho individual de cada um, mesmo quando os caminhos de uns e de outros se cruzam.
Não conheço fidelidade, só honestidade e liberdade. Não quero outra coisa senão liberdade, para mim, para ti, para todos. Não prisões.
Conheço o espaço que construi para mim. Só eu caibo nele, mesmo que se alargue dia a dia. Quando muito pessoas especiais vão podendo espreitar nas janelas que entreabro, se quiserem espreitar. Mesmo que espreitem a outras janelas, não são as minhas, não me diz respeito.
Não sei e não quero saber o que é amor e paixão. Não quero obrigação, só sinceridade. Quero até ausência, se for a sinceridade do momento. Ou o prazer de estar juntos e partilhar e se dar prazer ou afecto quando e como se quer. Sem modelos, sem estas tretas dos modelos únicos. As relaçõessão o que fazemos juntos. Eu sou eu, o meu caminho é meu. Não poderás traçar o meu caminho nem percorrê-lo, como eu não quero calcar o de outrém. É na individualidade que se cruzam caminhos. E se descruzam. É a multiplicidade de caminhos que faz o colectivo. É na liberdade que se pode construir amor. Mas ele nunca é dado à partida. E não é como nos contam. Não há amor, nem amizade, nem nada de nada, quando não se parte da construção de si mesmo.