Music & Politics
Música é só música (o que não é pouco), mas como forma de expressão pode assumir ser outras coisas, traduzir linguagens, comunicar com o som e as palavras, transmitir meras emoções ou mensagens complexas. Os regimes totalitários desconfiam da música e dos músicos, dos artistas em geral, não só porque a música assumiu tantas vezes na história um lugar de resistência e de crítica social e política, mas porque a expressão musical, quando vem do fundo do ser, das raivas ou desejos de alguém - e isso não passa pela produção em série por gabinetes de marketing, agências de casting e estratégias comerciais, como hoje acontece massivamente - é ela própria uma das mais realizantes expressões de liberdade de expressão e criação.
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A mensagem e a acção políticas fazem falta no mundo de hoje. Sempre fizeram. E a música é um meio de comunicação poderoso, eis a questão, veja-se por exemplo como foi utilizada como meio de propaganda nas guerras deste século.
Daí que música e política andem tão frequentemente de mãos dadas. Foi assim com grande parte da música popular no mundo inteiro, foi assim com os blues, foi assim com o rock, foi assim com o hiphop, com o jazzfunk e tantas outras: podendo dispensar ser mais do que música, a música sempre foi veículo de causas, e quem me conhece sabe que isso tem a ver comigo.
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Charlie Haden, sempre com Carla Bley, e a sua antropologia jazzística da música de resistência no projecto Liberation Music Orchestra (We Shall Overcome), que também passou pela Grândola (olhó Zeca a entrar pela porta do cavalo) e que se recompôs recentemente para dizer Not In Our Name e This is Not America.
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Hoje quero voltar ao godfather James Brown quando gritou
Say it Loud - I'm Black & I'm Proud.
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Ao Gil Scott-Heron quando antes dos computadores pessoais e da era do digital afirmou The Revolution will not be televised.
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Toda esta conversa a pretexto de um tema que escrevi em 2002, HARD TIMES. A letra é um pouco estranha, básica, insondável, panfletária, não costumo escrever assim - mas embora possa não se notar, aborda precisamente a resistência da música para sobreviver à sua própria indústria.
HARD TIMES
music can be an expression of freedom
where you feel joy... I feel sense
where you feel the rhythm
I can feel total ecstasy
music can be an expression of freedom...
or not
Our freedom
No one can take it... if we figth
we unite
Allrigth, freedom is a state of mind
but first of all it means very material conditions
do you have them? didn't think so...
wanna have them? go and get'em!
and by the way... add some sweeeet jazz on it