O ritmo do real
O feito está feito,
o dito está dito,
e o tempo mina pouco a pouco a importância das coisas,
embora só a enferruge.
O ritmo disto será o meu,
ou não será,
e pode ser o de uma improvisação do chucho valdès,
porque esse me alegra as manhãs,
e faz de mim um centro,
e não a periferia da vida de ninguém,
ou o gajo dos dias de banco de outrém.
Como pode ser mais confuso regressar do que partir,
eu não sabia,
agora sei e estou preparado,
já nada me surpreende,
nem o sentir finalmente de vez,
que perdi um lugar.
Há muitos lugares.
Por vezes, muitos lugares convergem num lugar apenas.
No caos cósmico não há certo nem errado,
e o justo é apenas um conceito humano.
Sejamos humanos.
Sejamos felizes.
Só não sejamos indiferentes.
O feito está feito,
o dito está dito,
e com surpresa não há senão alegria,
a prova de que queremos viver é que ainda estamos vivos,
e não há senão o que está por fazer,
e alguns afectos,
uns entre demais,
entre os outros que temos e os que podemos buscar,
também não se apagam,
esses nem enferrujam,
podem é exprimir-se de outra forma,
ou apenas ficar adormecidos,
mas latentes.
Mas o ritmo disto é o meu,
e só o meu,
ou não seria,
e um beat apenas, esperando eternamente pelo segundo tempo
também pode ser um ritmo,
se não quisermos dançar a outro.
É como eu vejo, sinto, quero.
E eu quero muito.
E não há drama,
e nem perdi ninguém,
não me perdeste,
porque nem todas as cicatrizes são salgadas para que não nasçam flores,
mas as flores sabem de onde vieram,
e que nem tudo é sol e água,
também há pedra e sal.
E por isso são mais bonitas,
assim como nós nos tornamos pessoas melhores,
e o que mais nos faz crescer não são as boas experiências,
crescer tem naturalmente dor,
mas na fronteira com a dor também há satisfação.
Cá estamos. Vidas solitárias e vidas em comum constroem-se, descontroem-se, mudam de rumo, persistem em continuar mesmo quando não estamos cá para ver. Cá estamos.
Não me fui embora.
That's life for you. Peace 'n' love y'all :)